sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Hoje na Bertrand reparei num livro chamado Solteiras, A arte de ser feliz e independente.
Como esses há carradas. O que me leva a perguntar, mas para quê? Será alguma arte ser feliz e independente? Não percebo. Há pessoas felizes acompanhas e felizes sozinhas e vice-versa. E também há gajos que habitam sozinhos. E são felizes ou infelizes. E não têm as mãezinhas e os paizinhos e os outros ascendentes a dizer que são encalhados e inúteis e para se arranjarem melhor, e que se tivessem prestado mais atenção à avó Filó quando esta ensinou a receita secreta do assado, hoje não estariam assim.
O mais assustador é constatar que a maior parte dos autores destes livros são femininos. Haverá assim tanta gente desesperada por viver sozinha, ou será apenas o estigma a que a sociedade vota as fêmeas que não partilham contas com ninguém?
Porquê só as fêmeas, we wonder. Só elas ouvem bocas que vão ficar para tias, ou que são umas cabras se olharem para o namorado da vizinha da ponta. Só elas são as galdérias se sairem e chegarem tarde. E só elas sofrem o pânico da pressão a que são sujeitas. Provavelmente terá a ver com o facto de terem um período fértil limitado. Mais uma vez, quem diz que nós temos obrigatoriamente de procriar? Só servimos para isso ( isso e limpar pó, chão, roupa, loiça, etc)?
Ninguém diz directamente isso. Ui, que infâmia seria esse afirmar. Então como explicam que a nossa educação tenha seguido essa orientação, enquanto os nossos irmãos, primos, amigos, namorados tiveram precisamente o oposto?
Eu quero viver sem que ninguém me julgue por ser fêmea e viver sozinha. Por escolher não ter filhos. Por achar que o meu namorado tem mãozinhas como eu e que pode muito bem tratar do património comum. Por chegar a casa as horas que bem me apetecer com quem me apetecer.
Mas não preciso de livros que me ensinem a fazer isso.

1 comentário:

A info-excluida disse...

que giro, i always wonder, mas ninguem me presta atenção. quanto muito dizem que ja era tempo de ser uma mulherzinha...
acho que as pessoas tem uma noção muito limitada do que é ser mulher.
Ou então é a minha noção que choca com a do resto do mundo (o que não quer necessariamente dizer que esteja errada)