Era uma vez uma fêmea que foi a uma loja onde, no dia anterior, tinha entrado para perguntar o preço de um vestido, que lhe tinha entrado pelos olhos dentro sem nunca mais ter saído.
A dita fêmea experimenta o vestido, toda contente, vê-se de todos os ângulos, para ver o efeito, e já satisfeita com o efeito, apressa-se a retomar aos trapos que são seus, para poder ir pagar e ir embora, já com o preciso e lindo vestidinho como propriedade sua.
Depois de efectuado o contrato compra e venda da referida peça de vestuário, perfeito e majestoso, sai aos saltos pela rua fora, imaginando-se vestida com a bela peça, e desejando chegar a casa para o ter só para si, sem haver pessoas a olhá-la na rua por estar aos beijos a um bocado de trapo.
O vestido era, de facto, giro, vá.
Roxo, cintado, com decote recto, em cai-cai, como se diz, tinha uma forma de cair como a dos vestidos medievais, aprimorado com uns desenhos de flores e folhas, primaveris, que o tornavam deveras interessante.
Chegada a casa, atira com tudo para o chão para poder experimentar o famigerado vestido.
Eis que vem do outro lado do espelho uma ideia que até então não lhe havia ocorrido.
Roxo.
O vestido era roxo.
Muito bem que havia peças na dita cor no seu armário, algumas pintinhas à distância de outras cores, mas o fundo das suas prateleiras era fundamentalmente uma ausência de cor.
Quer dizer preto.
Olhando-se de todos os lados, chega à conclusão que nem todos os vestidos são maravilhosos, a não ser que os vejamos em pessoas que vestem, de facto, com cores. O vestido continua a ser lindo, fantastico, maravilhoso, mas não deixa de ser roxo.
Roxo.
Como é difícil mudar de hábitos.
terça-feira, 28 de abril de 2009
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